CAFEICULTURA REGENERATIVA

O Brasil é o maior produtor de café do mundo e seu cultivo é uma das atividades mais tradicionais e rentáveis do país. As principais regiões produtoras são principalmente Cerrado Mineiro, Sul de Minas Gerais, Mogiana e Paraná.

Atualmente estamos passando por uma alta de preço das commodities devido a uma combinação de fatores, incluindo a diminuição da produção e o aumento dos custos de produção. As chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas prejudicam a planta, comprometendo a produção de grãos de alta qualidade.

Uma alternativa que produtores encontraram para minimizar esses impactos, foi na agricultura regenerativa, que vai além da produção sustentável. Ela consiste na utilização de práticas que promovem a redução do impacto ambiental, a restauração e equilíbrio dos ecossistemas do ambiente produtivo.

Seus princípios básicos são proteger o solo e a água, evitando que se esgotem; melhorar a qualidade e a saúde do solo, proporcionando maior biodiversidade de macro e micro-organismos; promover a sustentabilidade e reduzir o uso de insumos químicos e o impacto ambiental.

Os quatro principais pilares da cafeicultura regenerativa são o uso de cultivares resistentes, utilização de material orgânico, uso de plantas de cobertura e o controle biológico. 

Hoje já existem cultivares resistentes à ferrugem e outras pragas como nematóides e que apresentam boa produtividade, como o Catuaí, e isso vai permitir um menor uso de defensivos. 

O uso de um mix de plantas de cobertura vai permitir um melhor manejo do solo. São diversas plantas que têm funções específicas, como repelir insetos, descompactar e aerar o solo, fixar nitrogênio, controlar nematóides, além de todas contribuírem para a produção de biomassa e proteger o solo contra erosão. Podemos citar como exemplos o nabo forrageiro, brachiaria ruziziensis, feijão guandu, crotalárias, trigo mourisco e milheto. Essas plantas, além de fornecer matéria orgânica, contribuem para o desenvolvimento de microorganismos benéficos e diminui a infestação de plantas daninhas. O plantio de árvores nativas ao redor dos cafezais também é uma prática usada para restaurar habitats naturais, aumentar a biodiversidade e criar um ecossistema equilibrado. 

O uso de material orgânico, como esterco de animais, também vai contribuir muito para a melhoria da matéria orgânica do solo e vai torná-lo com maior capacidade de retenção de umidade e uma lavoura mais tolerante à seca. O uso de fertilizantes minerais micronizados em detrimento aos químicos convencionais também contribui para a melhoria do solo, corrigindo o solo e neutralizando alumínio tóxico e disponibilizando nutrientes sem alterar o pH.

Por fim, o uso de bioinsumos, à base de fungos e bactérias fazem o manejo de nematóides, doenças do café, broca, bicho mineiro, entre outros, tornando a lavoura menos dependente de produtos químicos.

Nos últimos anos, a cafeicultura regenerativa tem ganhado força e visibilidade. O cerrado mineiro concentra a maior área cultivada.

Existem certificações que reconhecem as fazendas que fazem café de qualidade, com responsabilidade ambiental, social e econômica.

Podemos citar diversas vantagens na cafeicultura regenerativa. Ela contribui para maior fixação de nitrogênio, sequestra o carbono atmosférico, aumenta a capacidade de retenção de água e nutrientes do solo. Promove uma lavoura saudável e mais resiliente para superar as adversidades climáticas. Diminui os custos de produção com a diminuição de produtos químicos na lavoura. Produz alimentos de melhor qualidade. Como o solo se torna mais rico em nutrientes, as plantas de café produzem frutos com maior concentração de açúcares e compostos aromáticos, o que resulta em cafés mais saborosos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hub do Café  https://hubdocafe.cooxupe.com.br/cafeicultura-regenerativa  Acesso em 28/03/2025

Agrolink https://www.agrolink.com.br/noticias/cafe-mais-caro–o-que-esta-por-tras-da-alta-dos-precos  Acesso em 28/03/2025

Texto elaborado por:

Roberta N. Bardauil Conte

Engenheira Agrônoma